O diabetes tipo 1
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Qual é a definição de diabetes tipo 1 ou diabetes juvenil?
O diabetes tipo 1 é uma patologia autoimune na qual o sistema imunológico ataca as células beta dos ilhotas de Langerhans do pâncreas. Estas células são essenciais para a produção de insulina, que regula os níveis de glicose (ou açúcar no sangue) ao facilitar sua entrada nas células para ser utilizada como fonte de energia. Na ausência de insulina, a glicose acumula-se no sangue, levando a uma hiperglicemia. Esta patologia é chamada de diabetes juvenil porque é frequentemente diagnosticada em crianças e adolescentes, embora possa surgir em qualquer idade.
De acordo com a Alta Autoridade de Saúde, o diagnóstico de diabetes tipo 1 geralmente é feito antes dos 45 anos, com necessidade de tratamento imediato com insulina. Compreender a origem da diabetes tipo 1 é essencial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e manejo.
Em que idade começa o diabetes tipo 1?
O diabetes tipo 1 pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e jovens adultos. Na França, a incidência do diabetes tipo 1 aumenta de 3 a 4% ao ano há cerca de 20 anos, com um aumento notável em crianças com menos de 5 anos. Em alguns lactentes, a condição pode manifestar-se nos primeiros meses de vida, embora isso seja raro. Metade dos casos ocorre antes dos 20 anos. No entanto, não é incomum diagnosticar essa patologia em pacientes adultos, ou mesmo após os 40 anos, embora isso seja menos comum. Além disso, o diagnóstico de diabetes tipo 1 na idade adulta requer atenção especial, pois os sintomas podem ser menos evidentes.
Quais são os fatores de risco para o diabetes insulinodependente?
Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento do diabetes insulinodependente:
- Predisposição genética: Os pacientes que têm um dos pais com diabetes tipo 1 têm um risco aumentado de desenvolver a condição.
- Exposições ambientais: Elementos como certas infecções virais (por exemplo, infecções por enterovírus), a exposição a toxinas ou alterações na flora intestinal podem influenciar o desencadeamento de um distúrbio glicêmico.
- Tipo de amamentação: Estudos sugerem que o tipo de amamentação nos primeiros meses de vida pode desempenhar um papel, embora os mecanismos não estejam claramente estabelecidos.
- Fatores imunológicos: A presença de autoanticorpos específicos pode indicar uma predisposição.
Além disso, a incidência do diabetes tipo 1 varia conforme a região, sugerindo que fatores ambientais locais desempenham um papel. As modificações do ambiente, como mudanças na alimentação ou exposição a novos agentes infecciosos, também podem contribuir para o aumento de sua frequência.
Quais são as causas do diabetes tipo 1?
O diabetes tipo 1 resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais:
- Reação autoimune: O sistema imunológico, que normalmente defende o organismo contra patógenos, ataca as células beta do pâncreas, destruindo-as progressivamente. Esse ataque imunológico leva a uma diminuição e, eventualmente, à ausência total de produção de insulina.
- Fatores genéticos: Variações em certos genes do sistema HLA (Antígeno Leucocitário Humano) aumentam a susceptibilidade à doença.
- Fatores ambientais: Infecções virais (como os enterovírus), a exposição a toxinas ambientais ou alimentares, e alterações na flora intestinal são considerados como potenciais desencadeadores.
Os mecanismos exatos da origem do diabetes tipo 1 ainda não são totalmente compreendidos, e a pesquisa continua a buscar novas abordagens para explicar esta doença. É importante notar que a simples presença de predisposições genéticas não leva automaticamente ao diabetes tipo 1; elas aumentam o risco, mas outros fatores são necessários para desencadear a doença.
Existe hereditariedade no diabetes tipo 1?
Sim, existe uma componente hereditária. Um paciente com um parente de primeiro grau (pai, mãe, irmão ou irmã) afetado por esta doença tem um risco aumentado de desenvolvê-la. No entanto, a hereditariedade não explica sozinha o aparecimento do diabetes tipo 1. A doença resulta de uma interação entre predisposições genéticas de suscetibilidade e riscos ambientais. Também é comum que doenças autoimunes associadas, como a doença celíaca ou a tireoidite autoimune, estejam presentes na mesma família.
Quais são os sintomas do diabetes tipo 1?
Os sinais geralmente aparecem rapidamente e podem incluir:
- Polidipsia: uma sede intensa e constante.
- Poliúria: um aumento da frequência e do volume das micções, podendo levar a enurese noturna na criança.
- Perda de peso rápida apesar de um bom apetite.
- Fadiga extrema e irritabilidade.
- Problemas de visão devido à hiperglicemia.
- Infecções recorrentes como infecções cutâneas ou urinárias.
- Náuseas e vômitos em caso de complicações.
Em alguns casos de diabetes tipo 1, os sinais podem ser confundidos com outras doenças, atrasando o diagnóstico. Esses sintomas resultam da incapacidade das células de utilizar o glicose para produzir energia, devido à falta de insulina.
Quais são os sinais de descompensação do diabetes?
A descompensação diabética ocorre quando o diabetes não é diagnosticado ou é tratado de forma inadequada. Os sinais incluem:
- Cetoacidose diabética: acumulação de corpos cetônicos no sangue devido ao uso de gorduras como fonte de energia. Isso pode levar a um hálito com odor frutado, dores abdominais, náuseas e vômitos.
- Desidratação severa devido à poliúria.
- Distúrbios da consciência variando da sonolência ao coma nos casos graves.
- Respiração de Kussmaul: uma respiração profunda e trabalhosa para compensar a acidose metabólica.
Essa situação pode ocorrer anos após o início da doença se ela não for adequadamente controlada. As medições sucessivas do nível de açúcar no sangue são essenciais para prevenir essa complicação. A descompensação é uma emergência médica que requer intervenção rápida para evitar complicações graves.
Quais são as complicações do diabetes tipo 1?
Dependência de insulina
Os pacientes com diabetes tipo 1 são insulinodependentes, ou seja, precisam receber insulina exógena diariamente para sobreviver. A insulina é administrada por múltiplas injeções ou através de uma bomba de insulina. Sem este tratamento, a hiperglicemia persiste e os pacientes correm o risco de uma cetoacidose diabética, potencialmente fatal. A bomba de insulina permite uma administração contínua de insulina, melhorando o controle glicêmico. Embora a insulinoterapia seja indispensável, ela pode causar hipoglicemias em caso de sobredosagem ou erro de medição. Portanto, uma monitorização rigorosa do nível de glicose no sangue é essencial.
As consequências da doença nos órgãos
Uma glicemia mal controlada a longo prazo pode resultar em complicações microvasculares e macrovasculares:
- Retinopatia diabética: comprometimento dos vasos sanguíneos da retina que pode levar à cegueira.
- Nefropatia diabética: comprometimento renal que pode evoluir para insuficiência renal terminal.
- Neuropatia diabética: afeta os nervos periféricos causando dores, dormência ou distúrbios digestivos.
- Doenças cardiovasculares: aumento do risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença arterial periférica.
- Pé diabético: ulcerações e infecções no pé que podem levar a amputações.
Essas complicações podem surgir vários anos após o início do diabetes, especialmente se a glicemia não for adequadamente controlada. Portanto, é essencial monitorar a glicemia a longo prazo e adotar um estilo de vida saudável incluindo uma atividade física regular.
A hipoglicemia
As hipoglicemias ocorrem quando o nível de açúcar no sangue cai abaixo dos valores normais (< 0,70 g/L). Elas podem ser causadas por uma quantidade de insulina muito elevada, um exercício físico intenso sem ajuste da dose de insulina, ou uma ingestão alimentar insuficiente. Os sintomas incluem:
- Tremores, sudorese, palpitações.
- Tonturas, problemas de visão.
- Confusão, distúrbios de comportamento.
- Perda de consciência em casos graves.
A prevenção passa por uma medição regular da glicemia e um ajuste apropriado do tratamento. Uma boa gestão do exercício físico e da alimentação é essencial para evitar essas complicações graves.
Como é feito o diagnóstico do diabetes tipo 1?
Os distúrbios da glicemia
O diagnóstico baseia-se em medições sucessivas da glicemia :
- Glicemia de jejum ≥ 1,26 g/L (7,0 mmol/L) em duas medições consecutivas.
- Uma glicemia aleatória ≥ 2,00 g/L (11,1 mmol/L) associada a sintomas sugestivos.
- Um nível de hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5 %.
Esses valores confirmam uma hiperglicemia significativa. Dia após dia, os níveis de glicemia podem flutuar de maneira significativa, tornando as medições regulares essenciais para um diagnóstico confiável. O rastreamento precoce é crucial para iniciar o tratamento adequado.
A detecção de anticorpos
A presença de autoanticorpos direcionados contra as células beta do pâncreas é característica do diabetes tipo 1:
- Autoanticorpos anti-GAD (ácido glutâmico descarboxilase).
- Autoanticorpos anti-IA2 (ilhotas de Langerhans).
- Autoanticorpos anti-insulina.
A detecção desses autoanticorpos ajuda a diferenciar o diabetes tipo 1 do diabetes tipo 2. A presença de autoanticorpos específicos indica um ataque do sistema imunológico contra as células do pâncreas, em particular os ilhotas de Langerhans.
Quais são os tratamentos disponíveis?
Terapia com insulina utilizando caneta
A insulinoterapia é o pilar do tratamento do diabetes tipo 1. Consiste em injeções subcutâneas de insulina com o auxílio de canetas injetoras:
- Insulinas rápidas ou ultrarrápidas administradas antes das refeições para controlar a elevação da glicemia pós-prandial.
- Insulinas de ação prolongada para manter uma glicemia basal estável entre as refeições e durante a noite.
O esquema de administração é individualizado de acordo com as necessidades do paciente, seu estilo de vida e seus hábitos alimentares.
A bomba de insulina
A bomba de insulina é um dispositivo portátil do tamanho de um telefone que administra insulina continuamente. Ela permite uma ajuste preciso das doses de insulina com base na glicemia medida pelo paciente. Os benefícios incluem:
- Uma melhor qualidade de vida com menos injeções diárias.
- Uma gestão mais precisa das variações glicêmicas.
- Uma redução do risco de hipoglicemias.
O transplante de ilhotas de Langerhans de células pancreáticas
Para os pacientes cujo controle do diabetes é difícil de estabilizar, o transplante de ilhotas de Langerhans pode ser considerado. Este procedimento envolve o transplante de células produtoras de insulina no fígado do paciente. Os desafios associados a esta técnica incluem:
- A necessidade de tratamentos imunossupressores para evitar a rejeição de enxertos.
- A disponibilidade limitada dos ilhéus pancreáticos.
- Os resultados variáveis em termos de restauração duradoura da produção de insulina.
Graças aos avanços da ciência, técnicas inovadoras de transplante estão em desenvolvimento para melhorar a eficácia deste tratamento. A pesquisa também continua explorando outras abordagens terapêuticas para oferecer novas opções aos pacientes.
Como viver com diabetes tipo 1 no dia a dia?
Viver com um diabetes tipo 1 requer uma autogestão rigorosa:
- Monitoramento glicêmico: medição regular da glicemia por meio de glicosímetros ou dispositivos de monitoramento contínuo.
- Ajuste das doses de insulina: Ajuste das doses conforme a ingestão alimentar, o exercício físico e os resultados da glicemia.
- Alimentação equilibrada: Adotar uma dieta apropriada, distribuindo os carboidratos de maneira regular para evitar picos glicêmicos.
- Atividade física: Prática regular de exercício físico considerando o efeito sobre a glicemia e adaptando o tratamento em consequência.
- Educação terapêutica: Participação em programas de educação para melhor compreensão da doença, do tratamento e das técnicas de autogestão.
- Acompanhamento médico regular: Consultas regulares com uma equipe médica multidisciplinar para monitorar o equilíbrio glicêmico e detectar possíveis complicações.
O objetivo é manter a glicemia o mais próximo possível dos valores normais para prevenir as complicações graves e melhorar a qualidade de vida.
Quais são as atuais linhas de pesquisa?
A pesquisa sobre o diabetes tipo 1 está muito ativa, com vários eixos promissores:
- Terapia celular: Desenvolvimento de técnicas para regenerar as células beta ou para protegê-las da destruição autoimune.
- Pâncreas artificial: Combinação de uma bomba de insulina e de um sensor de glicemia para automatizar o controle de insulina.
- Imunoterapia: Abordagens que visam modular o sistema imunológico para interromper ou retardar a destruição das células beta.
- Vacinas: Pesquisa de vacinas para prevenir o surgimento do diabetes tipo 1 em indivíduos com alto risco.
- Genética: Estudos sobre os fatores genéticos para compreender os mecanismos da doença e identificar novos alvos terapêuticos.
- Microbiota intestinal: Exploração do papel da flora intestinal no desenvolvimento do diabetes tipo 1 e possibilidades de modular o microbiota para prevenir ou tratar a doença.
Essas pesquisas oferecem esperança de novas estratégias para prevenir, tratar e, eventualmente, curar o diabetes tipo 1.
Suas perguntas
É possível curar o diabetes tipo 1?
Atualmente, não existe cura para o diabetes tipo 1. No entanto, os avanços científicos, especialmente no campo da terapia celular e das imunoterapias, oferecem esperança para tratamentos que, no futuro, poderão restaurar a produção de insulina ou interromper a progressão da doença.
Qual tipo de diabetes é mais grave, 1 ou 2?
O diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2 são ambos sérios e podem levar a complicações graves se não forem geridos adequadamente. O diabetes tipo 1 requer insulinoterapia desde o diagnóstico, pois o pâncreas não produz mais insulina. O diabetes tipo 2 está frequentemente associado à resistência à insulina e, às vezes, pode ser gerido com alterações no estilo de vida e medicamentos orais antes de recorrer à insulina.
Como diferenciar o diabetes tipo 1 do tipo 2?
- Idade de início: O diabetes tipo 1 geralmente ocorre em crianças e adultos jovens, enquanto o diabetes tipo 2 costuma surgir após os 40 anos, embora isso possa variar. Embora o diabetes tipo 1 apareça frequentemente em jovens, ele também pode ocorrer na idade adulta, o que pode complicar o diagnóstico.
- Produção de insulina: No diabetes tipo 1, há uma ausência total de produção de insulina. No diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina, mas as células são resistentes a ela.
- Sintomas: O diabetes tipo 1 apresenta uma aparição rápida dos sintomas, enquanto o diabetes tipo 2 é frequentemente assintomático no início.
- Tratamento: O diabetes tipo 1 requer insulina desde o diagnóstico. O diabetes tipo 2 pode ser inicialmente gerenciado por meio de mudanças no estilo de vida e medicamentos antidiabéticos orais.
A partir de qual nível de glicemia é considerado diabético?
De acordo com a Haute Autorité de Santé, os critérios diagnósticos do diabetes são:
- Glicemia em jejum ≥ 1,26 g/L (7,0 mmol/L) em duas medições consecutivas.
- Glicemia aleatória ≥ 2,00 g/L (11,1 mmol/L) associada a sintomas sugestivos.
- Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5%.
Dia após dia, a taxa de glicemia pode flutuar, exigindo uma monitorização cuidadosa para um diagnóstico preciso. Um rastreamento precoce é essencial para um manejo adequado.
Como saber se você tem diabetes?
Se você apresentar sintomas como:
- Sede intensa e persistente.
- Vontade frequente de urinar, inclusive à noite.
- Perda de peso inexplicada apesar de um bom apetite.
- Fadiga inexplicável.
- Visão turva.
É recomendado consultar seu médico para realizar testes de glicemia. Um diagnóstico precoce permite um manejo rápido para prevenir complicações graves.
Nossas fontes
Dernière modification le 25 Dezembro 2024
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